7/28/2005

Feisty (2)

A inveja é, com efeito, uma coisa feia. E foi precisamente a fealdade da inveja de (eu também) não ter conseguido bilhete para o concerto da menina, em Lisboa, que levou a que tivesse de fazer uma cansativa viagem ao Porto, Hard Club, mais precisamente Cais de Gaia.

Curiosamente o Hard Club estava praticamente vazio, o que facilitou que estivesse tão perto que conseguia ver as cordas mexer. Foi um concerto devidamente intimista, com muitos esquecimentos de letras, muitas interrupções do género "Will that guy shut the hell up?", o pouco profissionalismo fashion, muitos agradecimentos e muitas histórias. Ficámos todos a saber que a Feist conheceu o Erland Oye (Kings of Convenience) num festival de música electrónica em 2003, Lisboa, onde ambos faziam de DJ's, quando nunca suspeitariam que, na realidade, ambos eram cantautores de música calmo-quietinha. Neste tema, porém, nunca esperei ouvir tanta guitarra distorcida desta menina canadiana. Não raras vezes aparecia ali uma atitude muito punk rock, se bem que sempre irónica.

O album foi praticamente todo tocado, acrescido de um punhado de novas canções, segundo Feist, duas delas escritas naquela manhã a olhar para o Douro. Uma delas é bastante boa e o refrão é qualquer coisa como "Before you marry him, go see where he lays...". Fiquem atentos. O último encore contou com uma versão de "Build up" dos Kings of Convenience e terminou com uma extensíssima "Let it die (and get out of my mind)", seguida de uma juvenil vénia, beijinhos e "Now go home with this lullaby i played you". E eu fui, mas Lisboa ainda era longe.

(Pedro Moniz Lopes)

7/27/2005

Razões para escrever posts em Agosto

Ninguém lê blogues em Agosto. [P.M.]

As iniciais

Uso muito as iniciais, por influência dos diaristas que leio. Mas penso sempre no comentário de Woody Allen: Should I marry W.? Not if she won't tell me the other letters in her name.

(citação lembrada aqui) [P.M.]

A cara que mereces

B. desabafa: «é terrível, porque não estou nada bem mas estou com cara de quem está bem». [P.M.]

Alienação

Não sou mesmo nada marxista. Sempre que experimentei alguma «alienação», achei óptimo. [P.M.]

A bela estação

7/26/2005

Confesso:

(este post foi retirado pelo autor) [P.M.]

Crimes de guerra

Uma espécie de napalm dos sentimentos. [P.M.]

Tour

Cristo mostrou as feridas ao incrédulo Tomé. Mas não andou em digressão com as suas feridas, nem cobrou bilhetes a quem lhes quisesse tocar. [P.M.]

Summer in the city

N. diz «já é verão» como um caçador a empanturrar-se de cartuchos antes duma batida. [P.M.]

Single

Eram tão musicais e metafóricos que discutiam a problemática do CD single. [P.M.]

Caderno de emprego

Os jornalistas do Público ignoram a minha profissão. O que é normal, visto que não tenho nenhuma.

Hoje, pela segunda vez em pouco tempo, sou apresentado como «publicista». Assim mesmo.

Como expliquei há uns meses, até gosto do aspecto démodé dessa designação. Mas começo a receber mensagens de gozo.

Assim, na próxima vez que o Público me pedir um depoimento sobre os destinos de a nação, vou indicar como ocupação: scout da Elite.

Pode ser que pegue. [P.M.]

7/25/2005

Le big MEC



N. 25 de Julho de 1955. A malta agradece. [P.M.]

Cabala

Escrevo posts cabalísticos porque gostava de congeminar uma cabala. [P.M.]

Cláudia

Cláudia era tão mas tão feminista que chamava ao discman discperson. [P.M.]

7/24/2005

Feisty



A inveja é uma coisa feia, excepto quando não se conseguiu arranjar bilhete para o concerto desta senhora. A nossa página está aberta a textos sobre os concertos portugueses de Feist. [P.M.]

7/23/2005

Público & privado

Alguns bloguistas dizem que só os blogues individuais é que funcionam. Admito que sim. Mas mais que os problemas de um blogue colectivo, preocupam-me os problemas dos blogues mistos. Ou seja: os que misturam temas públicos e privados. Escrevo um post sobre Chirac e acham que é uma charada sobre a menina Rita. Escrevo um post sobre a menina Rita e acham que é uma charada sobre Chirac. Assim não dá. [P.M.]

A discussão entre as direitas tem naturalmente interesse (mesmo porque com o fim do Barnabé a malta está meio desempregada). Mas essa discussão tem interesse quando mobiliza as várias tradições e confronta diversos «issues». E não (como tenho visto), quando degenera em sectarismos e atestados de impureza ideológica.

Se uma pessoa se define como comunista, socialista, liberal, conservadora, etc, essa é a sua definição política. Claro que há equívocos e minudências semânticas, mas (...) [este post passou para A Mão Invisível]

7/22/2005

Bibliografia passiva

«O coiso escreveu um belo coiso sobre isso». [P.M.]

T-shirt 2005

He can rhyme, but can he fuck? [P.M.]

Esse

«Li aquele post em que me mencionavas».
«Que post?»
«Aquele em que ostensivamente não me mencionavas».
«Ah, esse». [P.M.]

Engate 2005

«Ah, mas eu sou amigo dos gajos do Gato Fedorento». [P.M.]

Post

«Como se diz em inglês pós qualquer coisa?»
«Post». [P.M.]

As vestes

Não vou rasgar as vestes. Não aprecio o nudismo. [P.M.]

Cervantes

Justificar cada «triste figura» como homenagem a Cervantes. [P.M.]

What the doctor said

Sempre que sentir ataques de aforismos, tome dois destes, deite-se um bocado e beba muita água. Em caso de persistência de sintomas, dê entrada nas Urgências em Santa Maria. [P.M.]

Tchick tchick

Os soldadinhos eram metralhados de alto a baixo, pela lógica estariam mais que mortos. Mas nós fazíamos o gesto de quem desinfecta uma ferida com algodão e dizíamos: «Tchick tchick, tás curado». [P.M.]

Fantoches

Contribuo com pano para os fantoches com a minha cara. [P.M.]

Nem assim

A misantropia, infelizmente, requer alguns dotes sociais. [P.M.]

Mandarim

Há sempre um momento em que começam a conversar em mandarim. Não é de propósito: tiveram aulas de mandarim e consideram normal conversar nesse idioma. Eu não.

Não me pretendem vexar, eu sei que não. Que isso na prática aconteça, é apenas um dano colateral. [P.M.]

7/21/2005

Grupos

Não percebia porque é que «grupos» significa «tangas» (ex: eu não papo grupos = eu não vou em conversas).

Depois, estive metido nalguns grupos. E percebi. [P.M.]

Ligação segura

Sempre que consulto o meu mail em computador alheio, aparece a pergunta: se eu tenho uma ligação segura. Mas eu não comento assuntos íntimos. [P.M.]

Do mundo

Porque é que este blogue se chama Fora do Mundo? Porque não comenta a demissão do Ministro das Finanças. [P.M.]

7/20/2005

Opiniões

Um dizia que fomos demasiado severos com o estruturalismo. Outro dizia que a melhoria nas maminhas se deve ao iogurte Adágio. [P.M.]

Jack Straw

D. disse: «O Jack Straw está um bocado excitado». Eu estava um bocado excitado, mas achei estranho que D. mo censurasse desse modo, com ínvias metonímias. D. disse que eu não tinha percebido e apontou para a televisão. Na BBC, o Jack Straw estava um bocado excitado. [P.M.]

Obscuro domínio

Um post obscuro é um post que diz muito mas não revela nada. [P.M.]

Product placement 2

Convido vexas a cair verticalmente no vício (de forma), do nebuloso senhor Janeiro. [P.M.]

Charada

(para os exegetas)

O António Preto sempre que muda de casa fica logo a esquiar melhor.
O Gonçalo Borges sempre que compra uma mangueira fica logo a assobiar melhor.
O Rui Fonseca sempre que torçe um pé fica logo a tossir melhor.
O Miguel Esteves sempre que come santola fica logo a dançar melhor.
O Fernando Morais sempre que joga à macaca fica logo a foder melhor.

(etc)

[P.M.]

Product placement 1

Serendipity: (talent for) Making fortunate and unexpected discoveries by chance. Since July 20, 2004. [P.M.]

7/19/2005

O meu Hayek é maior que o teu

Alguns bloguistas direitistas, nomeadamente no Blasfémias, consideram estranho que eu participe num evento chamado «Noites Liberais» (numa sessão marcada para Setembro e dedicada à cultura). Insinuam sisuda ou ironicamente que eu não sou um liberal como eles são. Mas é claro que eu não sou um liberal. Sou em muitas matérias um aliado dos liberais, simpatizo com algumas posições liberais, mas nunca me considerei liberal. Escrevi isso tantas e tantas e tantas vezes em três anos de blogues que não vejo onde exista dúvida ou polémica.

Não me foi comunicado pela organização das «Noites Liberais» nenhum caderno de encargos: perguntaram se me interessava discutir determinado tema com um convidado que tenha ideias diferentes (no caso António Mega Ferreira). Só isso. Se me convidassem para representar os liberais, eu tinha recusado o convite, porque não sou liberal (e em matéria cultural ainda menos). E se me convidassem para representar os conservadores, também tinha dito que não, porque mesmo sendo conservador obviamente não represento ninguém. A mania de quererem que a gente represente uma posição, de preferência de modo ortodoxo e infalível.

Outra coisa será dizerem que o «liberal» das «Noites Liberais» não é realmente liberal. É uma discussão interessante. Acho que o «liberal» das «Noites Liberais» pretende apenas marcar uma cisão com a direita iliberal, atitude na qual me reconheço inteiramente. Admito que existam poucos liberais nas «Noites Liberais». Mas lembro que alguns dos nossos bloguistas ditos liberais - nem é o caso dos Blasfemos - têm o costume de louvar constantemente as opiniões ultramontanas em matéria de costumes.

Eu não tenho nada contra gente com contradições. Mas quem zela pela pureza das espécies deve ter cuidado com as suas próprias misturadas. [P.M.]

7/18/2005

Magic word

Não «Rosebud» mas «Innisfree». [P.M.]

Quando os animais falavam

Quoth the raven, «Nevermore». [P.M.]

O futuro da literatura (Charlie Brown speaks out)



Entre o que os adultos disseram, houve uma coisa que me chamou a atenção:

«Whuón fuon zong?»
«Nhenhe uezozi».
«Fenhizong fonfon, fonfon fenhizong?»
«Uófuónhuó».
«Fonfon».

[P.M.]

Situação limite

Um conhecido sacerdote declarou que só devemos usar o preservativo em situações limite. Concordo. Eu só uso o preservativo em situações muito limite. Que é como quem diz: quando tenho sexo. [P.M.]

7/17/2005

Top of the pops

Estive esta semana no programa de Nuno Galopim na Radar (passou ontem e repete logo às 22). Não recomendo que o ouçam para me ouvirem a mim, que só disse patacoadas. Mas o Nuno pediu-me para escolher cinco canções: 2 dos meus álbuns estrangeiros preferidos, 1 do meu álbum português preferido e 2 de álbuns estrangeiros recentes. São essas canções que justificam a sugestão: «Avalanche» (Leonard Cohen), «Unhappy Birthday» (The Smiths), «Barcelona» (Mão Morta), «Blood Embrace» (Bonnie Prince Billie/ Matt Sweeney) e «Modern Way» (Kaiser Chiefs). P.M.

7/13/2005

Nenhum leilão da Christie's

Tocar

-Did he touch you?
-No.
-Did you touch him?
-No.
-Did anybody touch anybody?
-Well…yes.

(sex, lies and videotape, Steven Soderbergh, 1989)

Minúsculas

Nunca percebi porque é que sex, lies and videotape não leva maiúsculas. [P.M.]

Conhecer uma pessoa

«Conheci uma pessoa». Eis uma expressão que nalguns casos implica dois evidentes exageros. [P.M.]

Jesus wants me for a sunbeam (4)

Não há muita gente tão obcecada com a Bíblia como Nick Cave. Sobretudo com o Antigo Testamento,violento e vingativo (mas também há um excelente texto de Cave sobre o Evangelho de São Marcos). É uma obsessão ambivalente, e com momentos distintos, do misticismo ao sarcasmo. Escolho, entre tantas canções com menções religiosas, esta perspectiva sobre o estado do mundo.

4. Nick Cave,«God is in the House», No More Shall We Part (2001)

We've laid the cables and the wires
We've split the wood and stoked
the fires
We've lit our town so there is n
Place for crime to hide

Our little church is painted white
And in the safety of the night
We all go quiet as a mouse
For the word is out
God is in the house
God is in the house
God is in the house
No cause for worry now
God is in the house

Moral sneaks in the White House
Computer geeks in the school house
Drug freaks in the crack house
We don't have that stuff here
We have a tiny little Force
But we need them of course
For the kittens in the trees
And at night we are on our knees
As quiet as a mouse
For God is in the house
God is in the house
God is in the house
And no one's left in doubt
God is in the house

Homos roaming the streets in packs
Queer bashers with tyre-jacks
Lesbian counter-attacks
That stuff is for the big cities
Our town is very pretty
We have a pretty little square
We have a woman for a mayor
Our policy is firm but fair
Now that God is in the house
God is in the house
God is in the house
Any day now He'll come out
God is in the house

Well-meaning little therapists
Goose-stepping twelve-stepping Tetotalitarianists
The tipsy, the reeling and the drop down pissed
We got no time for that stuff here
Zero crime and no fear
We've bred all our kittens white
So you can see them in the night
And at night we're on our knees
As quiet as a mouse
Since the word got out
From the North down to the South
For no-one's left in doubt
There's no fear about
If we all hold hands and very quietly shout
Hallelujah
God is in the house
God is in the house
Oh I wish He would come out
God is in the house


[P.M.]

Teologia moral

1 Coríntios 6, 16 é um bocadinho exagerado. [P.M.]

Quandoque bonus dormitat Homerus

Nunca percebi o alcance desta expressão elevada: Quandoque bonus dormitat Homerus («por vezes mesmo o bom Homero dormitava»). Que diabo, «dormitar» não é assim um lapso tão grave, sobretudo para uma pessoa que nem existiu (como Homero).

Ficava muito mais convencido com um (perdoem o macarrão) Quandoque sapientissimus putanitat Emmanuel («por vezes mesmo o sapientíssimo Kant ia às putas»). Isto sim anima um gajo em momentos de pecado. [P.M.]

Contra mim mesmo

Susan Sontag tem um ensaio sobre Cioran, o mais genial pessimista do século passado, com o título «Thinking Against Oneself». Sempre quis ser digno desse mote. Que me digam que tenho conseguido, eis um imenso elogio. [P.M.]

Companheiro amigo camarada palhaço

Um bloguista sem otites ouviu em local público um conhecido jornalista português (Marques António) desancar este vosso escriba. O conhecido jornalista português (Mendes Artur) dizia mais ou menos isto: «esse indivíduo que tem um enorme rancor contra si mesmo». É genial. Uma mui acertada definição, equivocada em ataque pessoal. Quero agradecer o perspicaz epíteto ao conhecido jornalista português (Novais João). Da próxima vez que nos virmos pago uma rodada de Famous Grouse. [P.M.]

7/12/2005

Arte de discutir na blogosfera

Num dos melhores blogues do mundo e arredores.
[comentário enquadrável em «sociedade de admiração mútua», segundo o ponto 11] [P.M.]

7/11/2005

Espírito Santo



Ao procurar no Google a foto que ilustra o post anterior, descobri esta, que não conhecia. Como vemos, Suzanne foi ungida pelo Espírito Santo. Assim também eu. [P.M.]

Linguagem

Se gosto muitíssimo de Suzanne Vega (n. 11.7.1959) é em parte pelo seu espantoso trabalho com a linguagem. Não se trata apenas de uma letrista competente: cada texto de Vega é construído com absoluta minúcia, como se fosse uma pirâmide de fósforos (a imagem é dela). Nada está a mais nem a menos, como se o poema tivesse sido lido trezentas vezes em voz alta antes de passar ao papel.

Ao mesmo tempo, Vega sabe (como pouca gente no universo pop) que a linguagem é uma coisa que nos escapa, que a linguagem não é uma evidência mas quando muito uma aposta (e uma aposta geralmente sem esperança).




É isso que diz em «Language», de Solitude Standing (1987):

I won't use words again
They don't mean what I meant
They don't say what I said
They're just the crust of the meaning
With realms underneath
Never touched
Never stirred
Never even moved through.

[P.M.]

De um mail

Ouve lá, ó palerma, então eu só vou ao teu blog para ver as gajas (não tenho cu para a conversa) e tu vais e espetas dois barbudos em menos de uma semana? Ora fosgasse. [P.M.]

Referee



«Marina quê? Politólogos burgueses, é o que é». [P.M.]

Desmancha-prazeres

O que sabemos do comportamento eleitoral dos portugueses é que, ao contrário do que poderíamos pensar, as características socio-económicas não são bons indicadores: nem o rendimento, nem a educação são variáveis que expliquem o voto. Há pessoas com fracos rendimentos a votar à direita, pessoas com muitos rendimentos a votar à esquerda, pessoas com escassa instrução a votar tanto à esquerda como à direita. Portanto, os grupos sociais que se dividem entre esquerda e direita são relativamente semelhantes.

Marina Costa Lobo, politóloga, no DN de hoje. [P.M.]

Srebrenica

Srebrenica, o maior massacre em território europeu desde 1945, foi há dez anos. Deixou talvez 8000 mortos (muitos ainda por identificar). Sabemos que não foi um acidente. Não foram inopinadas vítimas civis de um ataque militar. Srebrenica foi uma «operação de limpeza», deliberada e planeada. E quase todas as discussões políticas que importam passam por Srebrenica: não apenas a NATO, as Nações Unidas, a União Europeia, mas também o «choque de civilizações», o nacionalismo, a natureza da espécie humana. [P.M.]

Raiz quadrada de menos um

Na introdução (muito emproada e indigesta) a New Poems (1938), e.e. cummings tem este arrancanço de nietzschianismo estético armado ao pingarelho que acho magnífico: The poems to come are for you and for me and are not for mostpeople - it's no use trying to pretend that mostpeople and ourselves are alike. Mostpeople have less in common with ourselves than the squarerootofminusone. [P.M.]

Imagem

Vivemos na época da imagem? Com certeza. Mas não apenas da imagem impressa, televisiva ou cibernética. Vivemos também de acordo com a imagem que os outros têm de nós. Melhor: com a imagem que os outros fazem de nós. Foi sempre assim? Claro. Mas nunca como hoje as pessoas se presumiram ingenuamente «sem preconceitos». Quando os preconceitos continuam vivíssimos. [P.M.]

Abominável Homem das Neves

À segunda frase saca do mace. Diz que me reconheceu pelas pegadas. [P.M.]

7/10/2005

Delete



Connections are ‘virtual relations’. Unlike old-fashioned relationships (not to mention ‘comited’ relationships, let alone long-term commitments), they seem to be made to the measure of a liquid modern life setting where ‘romantic possibilities’ (and not only ‘romantic’ ones) are supposed and hoped to come and go with even greater speed and in never thinning crowds, stampeding each other off the stage and out-shouting each other with promises ‘to be more satisfying and fulfilling’. Unlike ‘real relationships’, ‘virtual relationships’ are easy to enter and to exit. They look smart and clean, feel easy to use and user-friendly, when compared with the heavy, slow-moving, inert messy ‘real stuff’. A twenty-eight year-old man from Bath, interviewed in connection with the rapidly growing popularity of computer dating at the expense of single bars and lonely-heart columns, pointed to one decisive advantage of electronic relation: ‘you can always press «delete»’


Zygmunt Bauman, «Introdução» a Liquid Love: On the Frailty of Human Bonds, Cambridge, Polity Press, 2003 [P.M.]

Horácio

Nos sites de engate, a frase que as meninas mais citam é o clássico carpe diem (que conhecem via Clube dos Poetas Mortos).

Eu cito Rubem Fonseca: «Carpe diem? Horácio que se foda». [P.M.]

Dating: a reader's guide

Dan Brown, O Código Da Vinci
Isabel Allende, A Casa dos Espíritos
Luis Sepulveda, O Velho que Lia Romances de Amor
Margarida Rebelo Pinto, Sei Lá
Marion Zimmer Bradley, As Brumas de Avalon
Miguel Sousa Tavares, Equador
Nicholas Sparks, As Palavras que Nunca te Direi
Patrick Suskind, O Perfume
Paulo Coelho, O Alquimista
Suzana Tamaro, Vai Onde te Leva o Coração

[P.M.]

Hi5

«24 anos. Morena. Olhos verdes. Gosto de sair à noite. De ouvir música. De ir à praia. De estar com os amigos. Curto Thomas Bernhard». [P.M.]

Guardar

CHICO: What you need is a good bodyguard.

GROUCHO: What I need is a good body. The one I've got isn't worth guarding.

(A Night in Casablanca, 1946). [P.M.]

7/09/2005

Onde está a tua vitória

Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?
(1 Coríntios 15:55)



Estive sem net nos últimos dois dias e por isso não escrevi sobre o ataque a Londres. Mas soube que muitos blogues responderam a esta tragédia com imagens e poemas. E pensei em Don DeLillo.

Quando li pela primeira vez DeLillo entendi o seu tom de paranóia (tributário de Pynchon) mas não percebi a sua obsessão com o terrorismo (por exemplo em Mao II, 1991). O terrorismo não me parecia assim tão central na nossa existência.

Infelizmente, o infame 11 de Setembro mostrou como o terrorismo é uma ameaça permanente, demencial e imponderável.

Mas o terrorismo é também um desafio à nossa capacidade de resistência. Ao ver nos blogues os poemas e as imagens (do blitz de 1940, nomeadamente), lembrei-me do ensaio «In the Ruins of the Future», que DeLillo publicou na Harper's (e depois no Guardian) em Dezembro de 2001.

É um texto extensíssimo que vale a pena ler na íntegra. De repente, aquilo que parecia paranóia ou apenas literatura estava em todos os canais de TV.

DeLillo explica que o terror é uma narrativa, uma narrativa apocalíptica a que não escapamos: Terror's response is a narrative that has been developing over years, only now becoming inescapable. It is our lives and minds that are occupied now. This catastrophic event changes the way we think and act, moment to moment, week to week, for unknown weeks and months to come, and steely years. Our world, parts of our world, have crumbled into theirs, which means we are living in a place of danger and rage. (...) We can tell ourselves that whatever we've done to inspire bitterness, distrust and rancour, it was not so damnable as to bring this day down on our heads. But there is no logic in apocalypse.

Contra essa narrativa, possuímos apenas uma contra-narrativa: a nossa memória dos mortos mas também a memória dos sobreviventes: There are 100,000 stories crisscrossing New York, Washington, and the world. Where we were, who we know, what we've seen or heard. There are the doctors' appointments that saved lives, the cellphones that were used to report the hijackings. Stories generating others and people running north out of the rumbling smoke and ash. Men running in suits and ties, women who'd lost their shoes, cops running from the skydive of all that towering steel. People running for their lives are part of the story that is left to us. There are stories of heroism and encounters with dread. There are stories that carry around their edges the luminous ring of coincidence, fate, or premonition. They take us beyond the hard numbers of dead and missing and give us a glimpse of elevated being. For 100 who are arbitrarily dead, we need to find one person saved by a flash of forewarning. There are configurations that chill and awe us both.

Como no poema de Holderlin, o que nos destrói é também o que nos salva. E por isso não devemos esquecer nada: The cellphones, the lost shoes, the handkerchiefs mashed in the faces of running men and women. The box cutters and credit cards. The paper that came streaming out of the towers and drifted across the river to Brooklyn backyards, status reports, résumés, insurance forms. Sheets of paper driven into concrete, according to witnesses. Paper slicing into truck tyres, fixed there. These are among the smaller objects and more marginal stories in the sifted ruins of the day. We need them, even the common tools of the terrorists, to set against the massive spectacle that continues to seem unmanageable, too powerful a thing to set into our frame of practised response.

O combate ao terrorismo exige decisões políticas decisivas e decididas.

Mas nós, cidadãos comuns, temos isto ao nosso alcance: poemas e imagens e narrativas. Que nos assegurem uma vez mais que a morte não prevalece. [P.M.]

7/06/2005

Agradecer

Houve um gozo generalizado quando o gabinete do actual presidente da Câmara de Lisboa recebeu um livro de Machado de Assis (1839-1908) e agradeceu ao autor.



Mas espreitem a antologia de contos de Machado que saiu na Cotovia (selecção e posfácio de Abel Barros Baptista). É óbvio que o gabinete do presidente da Câmara não se enganou. Machado está vivíssimo. Acho que devemos agradecer. [P.M.]

Notas parisienses (adenda)

Há um mês, assisti nos Campos Elíseos a uma grande manifestação cívica que reclamava para Paris os Jogos Olímpicos 2012.

Hoje anunciaram que os Jogos Olímpicos 2012 se realizam em Londres. [P.M.]

Contracepção oral

A fast word about oral contraception. I asked a girl to go to bed
with me. She said «No».
(Woody Allen) [P.M.]

Demolotaria

Conheço dois argumentos pertinentes contra a democracia. Um é teórico e está nos textos de Carl Schmitt. Outro é prático e consiste na existência do doutor Alberto João. [P.M.]

Entendimento

Sempre que me censuram por não entenderem determinado texto meu, penso num episódio que se passou com François Mauriac.

Numa crítica (negativa) a uma peça de Mauriac, um crítico escreveu: «Eu gosto de peças que se entendam». Ao que Mauriac respondeu: «E eu gosto de críticos que entendam as peças». [P.M.]

Um académico selvagem

Love and Death in the American Novel (1960) vem sempre citado nos manuais de literatura americana como um dos poucos estudos essenciais. Encomendei.

Leslie Fiedler (1917-2003) escolheu um tema desmesurado. Não se resguardou. Mas não é apenas nisso que revela grande topete. Os romancistas americanos (e os maiores: Fitzgerald, Hemingway, Faulkner) são vergastados e gozados a cada página. Uma tese central é que esses (e outros) romancistas eram sexualmente imaturos, homens incapazes de escrever seriamente sobre as mulheres, nalguns casos gays recalcados.

Do que conheço, nem sempre estou de acordo com as ideias expostas (e com os exemplos citados), mas é muito curioso ver um homem sozinho a dar cabo da moderna literatura americana, armado apenas com umas fichas de leitura e com vocabulário freudiano.

Admito porém que nem toda a gente ache graça. Saul Bellow, por exemplo, disse: «Leslie Fiedler is the worst fucking thing that ever happened to American literature». [P.M.]

Vozes

Escrevo um texto e recebo diversos mails ou comentários ou ecos. Uns dizem que o texto é óptimo, outros que é pavoroso, outros que é mediano, outros que é fraco, outros que é divertido, outros que é chato, outros que é original, outros que é um tédio, outros que é pedante, outros que é inteligente, outros que é estúpido, outros que é estimulante, outros que me dedique à pesca. O mesmo texto. É uma experiência que recomendo vivamente. [P.M.]

Sade

«Gostas de Sade?»
«Só conheço o Smooth Operator». [P.M.]

7/05/2005

De teus fermosos olhos nunca enxuto



(Inês de Castro, circa 1247, autor desconhecido, cortesia Centro de Artes Visuais de Coimbra) [P.M.]

Ano inesino

Com «Pedro e Inês», o mesmo logro, ou quase. Aí, é certo, a historicidade dos intervenientes na tragédia é comprovável, desde logo no testemunho histórico e literário de Fernão Lopes, que empresta ao futuro mito essa dupla legitimidade. Mas mito de quê? Se «Mariana» representa (prima facie) a entrega total, o dilaceramento da ruptura e uma estranha forma de vida face à memória do amor, «Pedro e Inês» (as aspas referem-se às figuras literárias, não às pessoas históricas) encarnam um duplo desafio: o amor contra as razões «mesquinhas» (a política, por exemplo) e o «amor para além da morte». Podemos começar pelas razões políticas. Os historiadores dizem-nos que a castelhana Inês de Castro foi assassinada (em 1355) porque os seus amores ilícitos com D. Pedro complicavam a nossa convivência com Castela, por essa altura atolada em conspirações e possíveis imbróglios dinásticos. Solução do problema: eliminar D. Pedro da equação, eliminando os seus laços a Castela. Em resumo: Inês foi vítima da famosa Razão de Estado. Isso mesmo fica bastante claro na peça de António Ferreira, centrada menos no par amoroso de que no pathos criado pelo confronto entre o Rei, que cumpre, implacável, desígnios «patrióticos», e a donzela que pede piedade não tanto por causa do amor mas sobretudo num registo de súplica filial. Também a versão teatral de António Patrício – Pedro, o Cru – não anda muito longe deste esquema, embora com um lirismo mais cruel e perturbado, o que faz todo o sentido, tendo em conta o evidente freudismo do autor.

Inês, então, morta por razões políticas. Como, aliás, sucede (indirectamente) com o Romeu e Julieta de Shakespeare. De uma forma ou de outra, o amor é sempre socializado, e por vezes torna-se vítima de considerações que nada devem ao coração mas à mais impediosa razão prática (sobretudo quando os amantes pertencem a classes dirigentes, em épocas em que casamentos eram questões eminentemente políticas). E Pedro? Ao infante cabe não o pathos (que podemos imaginar com algum fundo de realismo) mas o exagero «isabelino» que, de modo estranho, usa a vingança como alavanca de um mito sentimental. É certo que aqui temos um mito dentro do mito: quão «cru» foi Pedro depois de saber da morte de Inês é matéria de conjectura. Entre matar os matadores e o lendário ritual sádico com os seus corações vai uma distância entre o furor destrutivo do apaixonado e a demência de um desequilibrado. E depois, é claro, o mito dos mitos, «a Rainha morta» que Montherlant imortalizou para outros públicos. Inês desenterrada, entronizada, a mão de cadáver estendida aos horrorizados cortesãos. Em suma: um mito amoroso transformado numa história sanguinolenta e tétrica, da qual, aliás, o nosso «carácter nacional» supostamente seria incapaz. Um amor contrariado? Certamente, como convém a amores literários. Um amor «para além da morte»? Se aceitarmos os contornos lendários que assumiu, um amor essencialmente mórbido, ou com uma faceta mórbica que canibalizou todo e qualquer vestígio do amor.

(excerto de «Amor e outros equívocos», texto publicado em 2004 no jornal Duas Colunas, do Teatro Nacional S. João, a propósito do espectáculo A Castr0). [P.M.]

Disclaimer

Sempre que leio alguns mails penso na conveniência em escrever no cabeçalho do FdM o seguinte aviso As pessoas e os eventos mencionados neste blogue não correspondem necessariamente a pessoas e eventos concretos, qualquer semelhança é mera coincidência etc etc. [P.M.]

Damn good

Jesus wants me for a sunbeam (3)

É uma canção menos conhecida dos Cure. Robert Smith sempre afirmou o seu veemente ateísmo, e parece que o «blood of Christ» que aqui se menciona é uma zurrapa alcoólica que Smith afirma ter bebido em Portugal (e que não faço ideia o que seja). Mas a letra não é de quem a escreve e esse «estou paralisado pelo sangue de Cristo» parece-me uma imagem fortíssima.

3. The Cure, «The Blood», The Head on the Door (1985)

Tell me who doesn't love
What can never come back
You can never forget how it used to feel
The illusion is deep
Its as deep as the night
I can tell by your tears you remember it all

I am paralysed by the blood of Christ
Though it clouds my eyes
I can never stop

How it feels to be dry
Walking bare in the sun
Every mirage I see is a mirage of you
As I cool in the twilight
Taste the salt on my skin
I recall all the tears
All the broken words

I am paralysed by the blood of Christ
Though it clouds my eyes
I can never stop

When the sunsets glow drifts away from you
You'll no longer know
If any of this was really true at all


[P.M.]

Notas parisienses (12 e fim)

Teremos sempre Paris. [P.M.]

Notas parisienses (11)

Bilhetes, papéis, recordações, detritos. Numa pasta. [P.M.]

Notas parisienses (10)

Cafés enormes, inúmeros, em todas as esquinas, com cadeirinhas de verga, mesas de mármore redondas, grandes vidraças.

Aqui: snacks. [P.M.]

7/04/2005

El bosco

Convivo com a Espanha sem nenhum trauma passadista. Mas confesso que não gosto muito de ler textos em castelhano (excepto quando são autores espanhóis). Isso de transformarem Bosch em «El Bosco» ainda vá: até imagino Mota Amaral no Jardim das Delícias. Mas chamarem a Wuthering Heights «Cumbres Borrascosas», isso já me parece um abuso. [P.M.]

In vino veritas



Já há edição portuguesa deste livro. A editora é a Antígona e o tradutor (do original dinamarquês) José Miranda Justo. [P.M.]

Alarme

Tenho por vezes com Deus a mesma relação que tenho com o despertador. Ouço tocar. Sei que é importante. Não faço nada. [P.M.]

Nemureru bijo

Numa esplanada com uma novela de Kawabata e as adolescentes. Uma tarde monotemática. [P.M.]

Revisionismo

A ideia era boa. Começou bem. Era melhor do que o que estava antes. Houve grandes momentos. Alguns erros podiam ter sido evitados. Alguns erros foram lamentáveis. Mas globalmente fez mais bem que mal. As críticas negativas são redutoras. Como ideia era boa. E a ideia não morreu.

(não sei se está a defender a União Soviética ou o seu namoro) [P.M.]

Gmail

Era tão mas tão solitário que queria aderir ao Gmail mas não tinha quem lhe mandasse um convite. [P.M.]

Desporto

É incorrecto afirmar que eu não pratico desporto. Apagar números da agenda é um desporto. E eu sou medalha de prata na modalidade. [P.M.]

The gloom keeps me in bloom



Bill Calahan, Will Oldham. Só com receita médica. [P.M.]

Intelectual

As pessoas de direita usam «intelectual» como insulto. As pessoas de esquerda usam «intelectual» como elogio. Mas «intelectual» não é um adjectivo. É um substantivo. [P.M.]

Notas parisienses (9)

Efficiency efficiency they say
Get to know the date and tell the time of day
As the crowds begin complaining
How the Beaujolais is raining
Down on darkened meetings on Champs Elysees


John Cale, «Paris 1919», 1973 [P.M.]

Notas parisienses (8)

Saíamos do hotel e entrávamos na Rue Jean Giraudoux. Nada como começar bem o dia. [P.M.]

Vai e vem

O Barnabé acabou. Mantenho o que escrevi noutras ocasiões: 1) Estive sempre em desacordo com o Barnabé. 2) O Barnabé era um excelente blogue. 1 e 2 são incompatíveis? Só para os imbecis.

O Letra Minúscula tem duas semanas. José Mário Silva (agora a solo) escreve textos minimalistas e poéticos. Quem conhece o Zé Mário percebe que este não é só um blogue. O LM é o Zé Mário.

A Praia faz dois anos. Do Ivan Nunes tinha há um ano e meio uma ideia vaguíssima de um Cohn-Bendit magro. Agora é um amigo sem rodeios nem devaneios. E eu nem gosto de praia.

(vários outros blogues celebram dois anos de existência; como certamente me ia esquecer de algum, dou os parabéns (por todos) a um blogue que sigo desde o começo: o Avatares). [P.M.]

Notas parisienses (7)

Se queres ter o teu nome numa rua parisiense, convém que te tornes escritor. Ou general de Napoleão. [P.M.]

Notas parisienses (6)

Desta vez, espreitei os bouquinistes nas margens do Sena. Muito lixo sobre celebridades e sexo, mas também coisas óptimas e mesmo algumas preciosidades. A literatura maldita (de Vichy) tinha naturalmente grande destaque. A certa altura, pareceu-me ver Bagatelles pour un massacre, o célebre panfleto anti-semita de Céline, de 1937. Só conheço extractos do texto em bibliografia secundária sobre o escritor, porque Bagatelles nunca foi reeditado. Sendo indiscutivelmente um texto execrável (as passagens que conheço não deixam dúvidas), sempre é um Celine, e Céline é um dos grandes escritores do seculo passado. Curioso, espreitei. 400 euros custava o volume. Evidentemente, lá ficou. Mas o que se seguiu foi estranho. Quando me viu a olhar para Bagatelles, o vendedor, meio imundo, chegou-se ao pé de mim e baixou a voz. «Quer aquilo, não quer?», perguntou, como se fosse material pornográfico e eu tivesse 15 anos. «É difícil de encontrar, aquilo», explicou. E, baixando ainda mais a voz: «Foi proibido depois de 1945». O homem estava convencidíssimo de que o meu interesse, conjugado com o meu aspecto ariano, consubstanciava um comprador facho de armário. Aquela intimidade camuflada, como se fóssemos compinchas, não me agradou. Claro que o mais provável era que o bouquiniste fosse um vendedor como os outros, interessado apenas no dinheiro. Não sei. Sei que o homem se virou por momentos para atender um cliente e eu zarpei. [P.M.]

Notas parisienses (5)

Ao contrário do que sucedeu noutras visitas, não encontrei nenhum francês antipático. Pessoas com experiência da cidade garantem-me que é porque não encontrei nenhum parisiense. [P.M.]

Cat power

Quieto. Enroscado. Apenas imóvel, mas deixando que os outros acreditem que está à espera. Esse teatro ocioso. [P.M.]