BLOWIN’ IN THE WIND: Parabéns, mas tu é que me devias dar os parabéns a mim: sabes, eu é que tive sorte. [P.M.]
Fora do Mundo
Notas & Apontamentos. [Pedro Lomba, Pedro Mexia e Francisco José Viegas] foradomundo@oninet.pt
8/29/2004
8/27/2004
AS MANAS E O TUGA: A minha banda favorita para ver sem som? Sem dúvida: The Corrs. As três manas são deslumbrantes e o Paulo Pedroso tem muita sorte em poder tocar com elas. [P.M.]
VOCÊ DISSE NO BRASIL? Passam a vida a chagar-me por causa do meu pessimismo. Mas se eu não fosse pessimista não ficava tão satisfeito quando acontecem coisas altamente improváveis como esta. Por outro lado, se coisas destas acontecem no Brasil (no Brasil), os optimistas talvez tenham alguma razão. [P.M.]
ICH HEISSE SUPERFANTASTICH: Alguns conhecedores mais escrupulosos do universo pop fogem do chamado «hype» como o diabo da cruz: se a imprensa musical inglesa diz unanimemente que uma banda é «genial», é seguramente sinal que essa banda não passa de uma reciclagem de outras bandas (geralmente dos anos setenta), acrescidas de uma pitada «po-mo» para seduzir literatos. Não sou tão exigente. O meu fervor pela pop é grande mas a minha cultura é um pouco restrita. Só me interesso maniacamente por dez ou doze bandas, o mais vem por acréscimo. Ouço na desportiva, por exemplo, os Strokes, uma banda recheada de hype, espertalhona da cabeça aos pés, mas claramente pirateada e regorgitada dos álbum de glórias. E não sinto peso na consciência.
A banda que este ano tem beneficiado de maior «hype» tem sido os Franz Ferdinand. Alguns amigos disseram-me cheios de certeza que eu ia gostar. E lá comprei o CD, deixado em celefane para levar no discman quando fosse de férias. Agora que vim de férias devo dizer que não tirei o álbum de estreia dos Franz Ferdinand do discman. É uma coisa realmente infecciosa, exaltante, fantastisch. Os rapazes de Glasgow têm a sua pitada cool, de alunos «de artes», conhecem a discografia básica, mas sobretudo parecem apostados na mais nobre tarefa da pop: levar raparigas para a cama. O álbum dos Franz Ferdinand consegue misturar a rockalhada mais honesta e desinibida com uns pozinhos de raiva, tusa, diversão, e até um ou outro momento sofisticado. Ou simplesmente descabelado, como a canção que termina com a repetição dos versos: Ich heisse superfantastisch / Ich trinke Schampus mit Lachsfisch / Ich heisse superfantastisch». Assim mesmo, em alemão.
Ouçam a primeira faixa, «Jacqueline»: começa de modo acústico, quase falado, gentil, numa versão sui generis (e algo cruel) do «transforma-se o amador na coisa amada»:
Jacqueline was seventeen, working on a desk
When Ivor peered above her spectacle
Forgot that he had wrecked a girl
Sometime these eyes forget the face they're peering from
When the face they peer upon
Well you know that face as I do
And how in the return of the gaze
She can return you the face that you're staring from.
E depois dispara o baixo que dispara as guitarras que puxa pela bateria, sempre entre uma pressa expressiva e uma maturidade (rítmica, por exemplo) notável. Um nadinha de distorção, uns teclados que soam a softcore francês, uma descaída na disco, riffs contagiosos, uma toada de crooning e muitos lalalas. Estão a ver a ideia.
Não espanto ninguém se disser que as canções são sobre boy meets girl (embora exista também um tema clarament «gay», o muito dancante «Michael»). As hormonas saltam, os rapazes ameaçam que vão «deitar fogo à cidade», descrevem píveas a dois em cinemas, elogiam e apoucam mulheres impossíveis que são todas (no fundo) possíveis, celebram o jogo honesto e mútuo do encornanço. Mas também escrevem está uma canção sobre o «sucesso» e as suas delícias e decepções. E noutra Alex Kapranos (o vocalista) declara a vontade de perorar sobre «the boys I hate / All the girls I hate, all the words I hate the clothes I hate / How I'll never be anything I hate». Não te fies nisso, Alex.
Não sei se, como diz a imprensa, os Franz Ferdinand têm alguma coisa a ver com o «art rock» de outras bandas escocesas (que não conheço). Com os Talking Heads percebe-se que têm, embora disfarcem. Mas certamente nada têm a ver com a famigerada britpop, que depois de uma década de decadência agora se vê agora dominada pelos mui pífios Coldplay. No seu humor extremamente inteligente e um nadinha piroso (mas é propositado) os Franz lembram os Pulp, mas a sua mistura de agressão e hedonismo é muito mais juvenil. O rapazes são espertos que nem uns alhos, mas são uns vintões para quem o mandamento ainda é «to have fun». Mais tarde, quem sabe, escreverão canções sobre divórcios. [P.M.]
8/26/2004
Nada como regressar com novidades.
A primeira novidade é o nosso mail
foradomundo@oninet.pt
(escreva as iniciais do destinatário no subject se for caso disso).
A segunda novidade é o novo blogue
Gávea
(sobre literatura brasileira, mais um site de textos e links que exactamente um blogue).
A terceira novidade é que os posts no Fora do Mundo, que agora retoma a marcha, continuarão com a periodicidade que nos apetecer
(mas isso não é novidade).
[P.M.]
8/19/2004
A IDADE DO VERÃO. Deve ser da idade, mas nada me alegra tanto como ver o Agosto português cheio de chuva e de ventanias, com as praias ocupadas por gente desiludida. Pensei que era só mau-carácter, mas acho que é mesmo da idade, farto de ver imagens do Algarve, de ouvir gente falar do Algarve e de pressentir que aquela gente toda está mesmo no Algarve. Sei que é maldade, mas dou por mim a pedir uma vaga de frio que comece em Vila do Bispo e vá até ao Guadiana. E chuva. Chuva nas serras e nos areais, nos terraços dos hotéis. Trovoadas. Manhãs cinzentas. E um tempo brilhante, ameno, da Lousã para cima, evidentemente. [F.J.V.]
8/05/2004
8/04/2004
HENRI CARTIER-BRESSON 1908-2004
Samuel Beckett, por Cartier-Bresson
Ezra Pound, por Cartier-Bresson
[P.M.]